sábado, 8 de setembro de 2012

Massacre de Índios Yanomami

      Garimpeiros brasileiros massacraram cerca de 80 índios da tribo Yanomami. Este massacre poderá ter dizimado uma aldeia inteira da tribo que ocupa um vasto território na fronteira entre o Brasil e a Venezuela.  
      Os garimpeiros terão morto a população com tiros e dinamite.  
      Apesar de muito feridos alguns índios sobreviventes (três) conseguiram chegar à aldeia Onkiola, na região de Auraris, no estado brasileiro de Roraima, contando que os garimpeiros (pesquisadores de ouro ilegais) invadiram a aldeia Irotatheri, já em território da Venezuela, e começaram a abusar sexualmente de índias, escolhendo as mais bonitas e jovens da tribo.  
      Tentando proteger as famílias, os homens da aldeia reagiram mas, desarmados, foram presas fáceis para os garimpeiros, armados com revólveres, espingardas e explosivos.  
      Segundo os relatos desses sobreviventes aos membros da Coordenadoria das Organizações Indígenas da Amazónia (COIAM) e do Instituto Sócio-Ambiental, os invasores, enfurecidos por não conseguirem continuar a abusar das mulheres, dispararam em todas as direcções e balearam todos os habitantes, independentemente de serem adultos ou crianças.  
      Depois, não satisfeitos com a barbárie cometida, serviram-se da dinamite, usada normalmente para destruir rochas, matando os poucos que ainda tinham um sopro de vida e derrubando as frágeis construções da aldeia, feitas de barro e palha. 
      Segundo os sobreviventes do massacre, a matança ocorreu no dia 5 de julho, mas só agora foi conhecida. A aldeia Irotatheri fica no coração da selva amazónica, numa região extremamente isolada, e os índios, depois de ficarem algum tempo escondidos para se recuperarem e fugirem dos garimpeiros, ainda demoraram vários dias até chegarem à aldeia mais próxima, que tem comunicação via rádio com a Fundação Nacional do Índio do Brasil (Funai).  
      Do ponto mais próximo onde há técnicos da Funai até ao local da tragédia são cerca de dez dias a pé pelo meio da selva, não havendo outra forma de chegar.  
      As organizações indígenas do estado do Amazonas (Coiam) lamentaram a situação e afirmaram, em comunicado, que já desde 2009 que vêm denunciando agressões de garimpeiros contra as comunidades Yanomami, vítimas de violência física, ameaças, sequestro de mulheres e ainda de contaminação, designadamente da água com o mercúrio (usado para encontrar ouro). 
      Há diversos grupos de garimpeiros explorando inúmeras minas artesanais de ouro e diamantes, localizadas em regiões recônditas do sul da Venezuela. Calcula-se que sejam mais de mil os garimpeiros que, para além de poluírem os rios e as florestas, especialmente com o mercúrio, cujo grau de toxicidade é enorme e tem consequências fatais e irreversíveis, ainda transmitem aos índios diversas doenças que lhes são fatais.  
      Os Yanomami são uma das maiores tribos relativamente isoladas na América do Sul. Vivem nas florestas e montanhas do norte do Brasil e do sul da Venezuela. Como a maioria dos povos indígenas do continente, os Yanomami, provavelmente migraram pelo Estreito de Bering, entre a Ásia e a América, há cerca de 40.000 anos atrás, seguindo lentamente para a América do Sul. Hoje, a sua população total é de cerca de 32.000 índios.  
      Com mais de 9,6 milhões de hectares, o território Yanomami no Brasil corresponde ao dobro do tamanho da Suíça. Na Venezuela, os Yanomami vivem na Reserva da Biosfera Alto Orinoco-Casiquiare, de 8,2 milhões de hectares. Juntas essas duas regiões formam o maior território indígena coberto por floresta em todo o Mundo.  
      A imagem corresponde à vista aérea da “Cabana Grande”, dinamitada e queimada, onde residia a comunidade de 80 pessoas. 

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